segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Arpejos

Uma linha tênue ao encontro do eco
pontua nossa escuridão
Desfaz promessas de outrora
de tempos que mal começaram
de fim intermináveis
meu ser em convulsão
como as lavas frias de um vulcão
próspero e ardente
encontrou seu lugar
e longe de nossos olhos
há um horizonte
sobre o qual nossas bocas profanas
irão se imortalizar

sábado, 17 de novembro de 2007

Cordas Vocais


Como descrever o que está sentindo, se você tem vontade de esfaquear um gatinho?
Acho que exagerei, mas enfim um gato a menos não iria fazer falta, pois são traiçoeiros e mimados.
Então deparo com um grande problema, olho para todos os lados e não há gatos!É uma pena, pois um gritinho sofredor soaria como notas de um violino.
Meus pensamentos assassinos não me levam a lugar algum, e minha aversão há alguns sentimentos humanos só pioram as coisas.
Vou em busca de perguntas sem respostas, e por incrível que pareça são questões muito claras e óbvias demais para minha mente ilógica.
Fantasio tudo; mas na realidade uma onda de hipocrisia toma conta de mim e ironizo meus princípios, o dia acaba por passar mais divertido.
Sorrisos falsos e braços castos e o dia vem para acabar, aliás faz questão de ter um fim impróprio.
Idiossincrático as minhas reações, meu comportamento não tem bula e minha alegria sem manual.
Estafermo, acho que não tem solução.Estagno em minha depressão, em minhas lágrimas em disfunção.
Abandono-me, não suporto-me, não vou tolerar-me mais.
Inativo e indescritível, absolutamente indemonstrável.
Quatro paredes me levam a loucura, o vento a castigar meus ouvidos, a noite a transtornar minha alma, todas as coisas dentro de um só.
Suicido o desnecessário, afinal tudo é muito simples, muito pouco, inusitado.
E mesmo assim minhas entranhas tremem a dor de um peito apertado.

domingo, 11 de novembro de 2007

Verdes Loucuras

Sabe quando você tem todas as notas na sua cabeça?E você machuca todos os seus dedos, pois o que a mente sabe do corpo está separado.Como um corpo sem alma ou uma música sem compasso.
E no ápice do meu desespero nem um breve tango acompanha meu andar descompassado, meu pensamento desvairado.
As atrocidades que cometi, o tempo que deixei passar, a droga que deixei estabeler-se em meu ser como uma praga.
A carne dilacerada, o coração acelerado e uma boca sem palavras.
Todas as coisas em uma única e fraca estação, onde o sol não brilha mais.
Um fim cortado; os móveis estão fora de ordem, as plantas não foram regadas, as cartas sem destinatários.
Tudo voltou-se a mim, ou melhor contra mim, me punindo por causa da covardia, ou será a minha vida vazia?
Momentos, eu sei que não dependem de mim...eu posso obedecer todas as regras; domesticada, disciplinada, mesmo assim serei eu mesma.
Apesar de estar corrompida pelos meus inúteis desejos, eu ainda sei o que é melhor para mim, e sei que quanto a isso nada vai me convencer.
Sei que as oscilações do meu temperamento, o enfraquecimento do meu corpo e o desgosto da minha alma; são imparciais ao tempo.
Que tudo que ouço não passa de mero aborrecimento, afinal todos sempre tem algo a dizer.E que as palavras sutis ferem cruelmente.E que o silêncio afaga meu espírito.
Vou arrancando as flores do meu caminho, sentindo o aroma dos campos verdes e dourados.
Atento aos olhares menos curiosos de grandes cidades.Ao tráfico de um dia nublado.
Inventando um mundo dentro de outro, do qual não me separo jamais.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Dia


Aqueles dias
Guardados na memória
Que falha tentando reviver o futuro
Que hoje é passado
E se o futuro é o presente
Nesse exato momento não significa nada

Apagaria todas as lembranças
Até as mais doces
Pois o que já foi dói mais agora
Perfurando todas as sensações com tristeza
Mesmo na alegria, como um relâmpago de felicidade...
Desapareceu