sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O vale das almas errantes


É da nossa natureza nos separarmos e fazer de tudo distância.

Dos nossos sonhos só restou pó; do nosso desejo sobrou esperança.

Éramos o que devíamos ser, mesmos desconcertantes algumas coisas nos satisfaziam; livros e cafés, por exemplo. A insônia também fazia parte de nossos dias solitários, e isso muito agradava. Gostávamos de observar as estrelas e pensar, pois o que mais fazíamos era pensar.

Caminhávamos quando a dor se tornava aguda nos dias de chuva, e cada gota do céu nos mostrava o abismo em que nos metemos...e talvez por um longo tempo, ou até quando suportarmos a ausência.

A ausência de interesse, a ausência de ânimo, a ausência de paixão. Tudo era quase nada.

E lá estávamos outra vez, e não pela última, se os ventos não errassem a direção...

Mas o que procurávamos? O que era realmente o vazio? Será que seríamos plenos do que desejamos e não tem nome?

Um caminho de pura trevas percorreremos, e quando estivermos cansados e absolutos de nossos erros, talvez parássemos pra pensar, pensar no que fizemos até agora, pois nossa história é feita de letras de areia.

Continuar vale a pena?

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Pathetique

Todos colaboram para a minha solidez, de certo modo. É algo involuntário, mas acontece. Tenho vontade de chorar todos os dias e não choro; me sufoco cada vez mais em meus devaneios. Não me sinto só, me sinto triste. Tenho todas as coisas que preciso e isso é tudo. Gostaria de escrever um diário e todos os dias seriam os mesmos; é por isso que não escrevo. Os anos passam e apesar das experiências, me descubro, ou melhor, confirmo minha existência destituída de sentido. Consigo que as coisas fiquem sãs por algum tempo, ou pelo menos que aparentem adequadas a rotina, e por fim elas desmoronam. E nesses momentos de desespero encontro um pouco de autenticidade em meu ser. E a única palavra que me corrói, que atiça os meus antigos receios é a solidão. Solidão nessa madrugada enquanto sonho e os sonhos me pertencem. Essa segurança me agrada; ninguém pode ver o que sonho, com quem sonho ou que me assombra. Fora isso nada me pertence, e tudo é tão efêmero. Gostaria de me fazer entender...

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Devora II

Daniel observava pela janela do velho prédio que decidiu fazer sua morada. Tantos anos se passaram e seu coração ainda se sentia tão agitado. Desde aquela noite estranha algo havia mudado sua simples rotina; algo que seu forte espírito pode perceber.
De seu frio quarto olhava através da janela da sua alma, enquanto as estrelas estavam sendo tocadas pelo silêncio. Ele fechou os olhos, sorriu nas sombras e esperou.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Alemanha

Aqui estou
de volta
a gélida e carente Alemanha
senti falta do seu aroma
das ruas tristes
das casas amorosas
ah, os telhados!
esses telhados que te tornam única
tão especial a esses olhos virgens
te guardo aqui no bolso
um cartão postal
uma lembrança
nas minhas memórias de sangue
na minha doce paixão por ti.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Passam as estações;
a mais fria, a mais amena
mas, são nas noites mais quentes de verão
que o meu coração frio
repousa em seu sombrio desejo.