terça-feira, 6 de setembro de 2011

Repetir "Desencanto" a noite inteira não me faz aproximar daquilo que achei que era amor. E descuidada deixei escorrer pelas mãos como água os amores que teria. E agora pouco me resta em que confiar. Passar os dias a contar as gotas de chuva e as lágrimas, transcorrendo em mim.

Me sentia segura quando nas pontas dos pés ia até teu quarto e observava-o dormir serenamente. Deitava minha cabeça em teu peito e acompanhava sua respiração. Sorria no escuro, enquanto sentia as linhas do teu corpo. Me balançava feito criança para penetrar seu sonho e compartilhar teu gosto onírico. Você me fez falta antes de partir. Você doía muito. Doía como parte de mim, parte de mim que eu podia perder. Ou quando olhávamos longamente um no olho do outro nos perdendo por memórias desconhecidas, quando sentia o gosto do teu pensamento, quando o amor era delicioso e telepático. Mas era em teus lábios que encontrava o êxtase. Primeiro tocava suas mãos, era um estímulo, um sinal químico, depois escorregava invertidamente pelo teu braço a ponto que meus dedos roçassem seu cabelo; e logo você tocava em minha cintura e me aproximava involuntariamente. Movidos por uma energia estranha, com minhas mãos desenhava seu rosto, colorindo sua boca, era real, aquilo era real, mas difícil de acreditar; minha mão tocava sua boca como se fosse a porta do paraíso, invadi-la parecia violar algo divino.