quarta-feira, 26 de março de 2008

E então, aqueles passos sem rima, aquela boca profana, aquele olhar sem gosto, aquelas mãos famintas decidiram se unir em um só dia.
Sufocando um peito sofredor, que chora lágrimas de ninguém.
O claro da noite que mais parecia dia cegava aos poucos aquela alegria, os resquícios de felicidade e satisfação.
E as coisas descompassadas como as noites turbulentas nas terras dos sonhos que não iriam acontecer, são entorpecidas com ilusões derradeiras.
Não há mais diferença de cor, aroma ou mesmo de tempo.Tudo é um remoto cinza desbotado, escancarando melancolia.
Como um piano que não para de se lamentar, com sua profunda tristeza, aspiro e ofego meus doloridos devaneios.

domingo, 23 de março de 2008

Essas suas mãos

Está em nossas mãos e não em nossos olhos!
Chega de olhar e tentar entender o que se passa, ou sorrir tentando confimar o que seus olhos não enxergam.Isso é maçante e superficial; tudo o que temos que fazer está nas linhas das nossas mãos.
Não espere, pois isso é necessário, entre dois corações, a união sempre esteve em nossas mãos.
Isto é mais que poderíamos desejar, vai além dos códigos e do que imaginamos.
E se você percebesse que tudo está aqui colado, nossa palma, nossa alma em nossas mãos.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Uma mão ama tanto a outra e eu
Nasci obstinada

Sempre serei
Antes que você conte 1, 2, 3
Eu terei crescido meu próprio galho
Desta árvore
Seu jardineiro

Seu disciplinador
Doméstico
Eu posso obedecer todas as suas regras
E ainda ser eu mesma
Eu nunca pensei que fosse me comprometer

Eu nunca pensei que fosse me comprometer
Eu nunca pensei que fosse me comprometer
Vamos nos unir esta noite

Não devemos lutar
Abraçar você bem forte
Vamos nos unir esta noite
Eu prospero melhor no estilo eremita

com uma barba e um cachimbo
e um papagaio de cada lado
mas agora eu não posso fazer isso sem você
Eu nunca pensei que fosse me comprometer

Eu nunca pensei que fosse me comprometer
Eu nunca pensei que fosse me comprometer
Uníssono


Unison - Björk

segunda-feira, 17 de março de 2008

Todas as palavras normais
eu sei que as odeio
são todas monocromáticas
pálidas e relembradas
tudo se foi
e eu estou cansada
Queimando aos poucos
mordendo o ar
Gritando
mesmo sem ninguém escutar
corroendo minhas entranhas
com ilusões
estranhos passatempos
e tudo que eu preciso dizer
são apenas palavras normais

domingo, 16 de março de 2008

Ouve os sinos

Como todas as manhãs, as constantes dúvidas do que será o resto do dia.E o que sobra?Arrependimento ou noites insones de desejo?Acho que é para isso que sirvo, pensar e nada mais.Meu silêncio não é invadido por gostos,texturas ou mesmo tangível pelos pensamentos mais desvairados.E se eu quiser trancafiar meu coração?Mergulhar em metáforas?Inventar amores...Quem há de perceber essa agitação, esse medo?Quem teria a coragem de me completar sem se envolver?

quarta-feira, 12 de março de 2008

Quem diria!Estou participando de um desafio proposto pela querida Mariana do De dentro da Caxola (http://dedentrodacaxola.blogspot.com/) e fiquei animada com a idéia de me imaginar em diferentes situações.E proponho que quem esteja disposto a participar tem a liberdade, pois indico todos os corajosos ;)

Se eu fosse um mês seria...Abril! Onde a temperatura é mais amena, as folhas caem, o céu tem uma coloração única.

Se eu fosse um dia seria...terça.Pra mim é um dia que para no tempo.

Se eu fosse um número seria... 5.

Se eu fosse um móvel seria... esses “aparadores” abandonados no corredor.

Se eu fosse um líquido seria...café!

Se eu fosse um pecado seria...a preguiça, porque às vezes dá uma vontade de fazer nada.

Se eu fosse uma pedra seria....aquela que Carlos Drummond achou no meio do caminho.

Se eu fosse um metal seria...ouro envelhecido.

Seu fosse uma árvore seria...um ipê amarelo no meio do deserto.

Se eu fosse uma fruta seria...um Kiwi!Meio doce, meio azedinho.

Se eu fosse uma flor seria...a flor-de-lis

Se eu fosse um clima seria...aquele friozinho meio quente.

Se eu fosse um elemento seria...o ar pela sua leveza.

Se eu fosse uma cor seria...azul noturno.

Se eu fosse um animal seria...um cavalo marinho.

Se eu fosse um som seria...uma máquina de escrever, dessas que faziam muito barulho.

Se eu fosse uma letra de música seria...essa é difícil...talvez In my life dos Beatles ou I’ve seen it all da Björk

Se eu fosse uma canção seria...notas de Yann Tiersen e o romantismo de Chopin

Se eu fosse um estilo de música seria...moderna e clássica, de extremo a extremo!

Se eu fosse um perfume seria... o aroma das águas frescas.

Se eu fosse um sentimento seria... a melancolia.

Se eu fosse um livro seria....poemas de Cecília Meirelles

Se eu fosse uma comida seria...uma suculenta maçã.

Se eu fosse um lugar (cidade) seria...qualquer lugar que tivesse um banquinho com vaga de frente para o mar no Reino Unido.

Se eu fosse um gosto seria...meio amargo, que não enjoa nem um pouco.

Se eu fosse um cheiro seria...sabonete de bebê, o cheiro fresco da manhã, o cheiro da chuva.

Se eu fosse uma palavra seria...ambigüidade.

Se eu fosse um verbo seria... tocar.

Se eu fosse um objeto seria... uma caixinha de música.Para embalar os sonhos mais inocentes.

Se eu fosse uma roupa seria... um vestido hippie surrado, esvoaçante.

Se eu fosse uma parte do corpo seria...o bailar das mãos.

Se eu fosse uma expressão seria...os sorrisos, que não mentem.

Se eu fosse um desenho seria...o querido Calvin!

Se eu fosse um filme seria...O Fabuloso Destino de Amélie Poulain.

Se eu fosse uma forma seria...um espiral.

Se eu fosse uma estação seria...o Outono

Se eu fosse uma frase seria...” Gosto de um modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno vôo e cai sem graça no chão”

sábado, 8 de março de 2008

Transferências

Quero difundir teu sangue ao meu
Ser tua literatura
Arrancar tuas palavras sem que digas nada
Tocar em teus cabelos e misturar teu corpo a minha alegria
Ser tua poesia
Introduzir-me em teu vazio
Escutar teu silêncio
Ser intrínseco da sua respiração
O vapor do seu dia

terça-feira, 4 de março de 2008

You Only Live Twice

E então ela abriu os olhos.
Percebeu além do que sempre quis ver, e tentou aceitar a verdade.
Pediu que lhe contassem segredos, sorriu esperando e suspirou pensando no nunca mais.
Acariciou o vento com seu olhar e no vão de suas mãos sabia que faltava algo, que não poderia faltar.