domingo, 27 de abril de 2008

Átomos da alma

Ah, estou apaixonada pela primeira vez!
E não é aquela antiga paixão doentia, é algo mais sublime:
Noturnos.
Valsas Melancólicas.
Polonesas para tornar tudo mais vivaz.
Allegros.
Adagio.
E é tanto incenso subindo aos céus, exalando um perfume singular, e tudo isso, esse amor, essa dor...fazem da minha existência algo suportável, e até delicioso.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Rapsódia

Sabe quando você sente que determinado momento é uma despedida?
Envolto em uma nostálgica e melancólica noite, escuto aos fundos uma valsa ou um simples canto do adeus.
Tão cedo, sem rima, platéia ou laços amigos.Tenho que desatar os nós sozinho, mas sinto que aos poucos irei acabando-me e tornando-me um alguém que veio para ficar, tomando o lugar do que já fui e não serei mais.
Não usei a delicadeza, a paciência, o tempo não permitiu, foi arrancando essências e superficialidades das quais não preciso mais.
Ah, e as pedras!Foram colocadas em meu caminho de modo que me aborrecesse com elas, e triturasse a minha tolerância perante a vida.A vida das pessoas.
E quem sou eu agora?Alguém que aprendeu que não aprendeu nada?Alguém que fez que os erros não tivessem valor?Que fingiu ser honesto consigo mesmo, e o tempo todo usou o seu orgulho?Alguém?Se é que mereço esse título!
A única coisa de que tenho certeza é que os erros, esses sim eu faço questão de repetí-los em um cenário novo.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Réquiem

Ela encontrou a chave, mas não estava perdida.Os pássaros caiam graciosamente depois de manchar o céu de sangue.O sol faíscava enquanto girava em direção ao chão.O claro-escuro da lua paria melancolia noite adentro.Escalas ascendente e descendentes confundiam tormentos e doçuras.Os rostos deformados, os sorrisos aquáticos, os olhos petrificados pela imensidão do que não se pode ver.Há tanto perigo entre as mentiras, as sombras de desejos flamejantes, as inúteis sensações, os sabores ao vento.Um ponto nulo entre a eternidade do eu e o não sei quem sou, e talvez nunca vou saber.As relações violadas, as promessas que seriam quebradas se fossem feitas, aqueles beijos que só serviram de cumprimento.E aquela singular pontada no coração de que tudo não será como antes, como se não houvessem datas, horas, tempo, ou pessoas favoráveis a essas sensações.O vazio tão preenchido de dúvidas e notas que não param de tocar.As danças infinitas nos bailes da recordação.A orquestra de músculos que se esforçam para esconder a verdade, aquilo que é real, o que é tocável.As lágrimas salgadas dizendo um adeus sem palavras, sem antes mesmo de começar.As palmas invadindo o teatro sem terminar a peça.As risadas sem nenhuma graça.As cores sem tonalidade.Os vestidos noturnos em corpos desnudos cheios de histórias para contar.As mãos!Como são maravilhosas, o seu poder, a sua sensibilidade.É só tocá-las pra saber o quão é extraordinária a vida, e que sem seu toque não seríamos nada.Não somos nada.Não sou nada sem tocar nos meus sonhos.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.


Carlos Drummond

terça-feira, 15 de abril de 2008

Quebrada.
Aos poucos juntando os pedaços que estão sobrando, e os restos do que já se foi.
Completamente incurável, e não me venha com esse otimismo inútil; tem coisas que são essenciais, até a dor.

domingo, 13 de abril de 2008

Fingindo de viva

Hipócrita.Repita isso!Hipócrita, é isso o que é.
Deixe dessas coisas, vamos ser sinceras, até o ponto de nos sentirmos uma grande merda!
Vamos lá, não é difícil.Não é bela a hipocrisia?
Você está atolada, até o pescoço, do seu fingimento, dos seus sorrisos (falsos).
Provou da realidade?Coisas belas e sujas, completamente sujas que chegam ser uma obra de arte.
E você faz parte dessa pintura, tão bela e tão suja.
As coisas irão se repetir...

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Aurora

Trim trim trim!O telefone começou a tocar mais não há ninguém para atender.
Ninguém ardentemente feliz ou tragicamente triste, só há uma alma desbotada observando o jardim.
Passeia seus dedos pelos cabelos encaracolados que o vento espalha pelo ar.
Os espirais de seus cachos a levam para um lugar seguro, perdido no tempo e no passado.
Ela era uma menina, uma menina doce e quem sabe satisfeita com os sabores da solidão.
Sorria para o céu...e agora? Todo o azul a rodeava, seus olhos lacrimejavam e seu sorriso desaparecia.
Lembranças.
Moléculas azuis oníricas a bailar entre o vão das páginas amarelas a recordar.
Sorrisos de outrora, lágrimas que hoje persistem, giram delicadamente em caixinhas de músicas onde bailarina não tem par.
Procurando firmemente por momentos de luz, observando as cores da aurora, desvanecendo a cada crepúsculo que não foi admirado.
Seu coração gelado implorando para ser lançado para além dessa dor, no mais alto da montanha para ser apenas uma sombra.
A ânsia é grande, e é para longe, de crepúsculo em crepúsculo que trilhará sua verdade e desvendará os mistérios da carne.

"Faça nascer o sol em mim".

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,
- que amargamente inventei.
E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...

e um dia me acabarei.
Cecília Meireles

domingo, 6 de abril de 2008

Só mais uma canção

A natureza intrínseca dentro do meu coração, que acelerado bombeia todas as sensações para todos os meus sentidos, torna o sangue mais quente, a mente mais absoluta.
Derrama átomos de indecisão e milímetros de paixão, que resultam em uma tremenda dor de cabeça.
E desses miseráveis sentimentos quem sabe eu possa fazer melhor dessa vez.
Receber respostas do pulsar das minhas veias e atentá-las.
Desclassificando, tolerando e observando minhas estranhas reações.
Deixando de ser apenas uma iconólatra sem rumo por ruas nunca antes caminhadas.

sábado, 5 de abril de 2008

Em cartaz

Eu serei fiel, e acreditarei em mim mesma, se pudesse satisfazer-me realizando meus doces desejos e colocar em prática os filmes que não param de rodar em minha cabeça.
Estou nesse cinema sozinha e me arrepia a nuca em pensar que assistiria todos os clássicos de que tanto gosto com a cadeira ao lado vazia.
E então?Quando você vem?Eu sinto sua falta, mas ainda não o conheço.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

As horas

O meu constante costume de colocar todas as palavras no passado, me faz pensar no quanto quero esquecer as coisas antes que comecem.
Talvez isso seja um defeito, uma fuga, uma covardia nobre minha.
Um dia a máscara cai e quem sabe serei o que realmente devo ser, pois sei o que não sou.
E não estou aqui para enganar ninguém, apenas confundir.
Meu caro amigo vim aqui para lhe contar, que meu inconsciente já se rendeu antes de mim mesmo e está com uma grande ânsia de admitir todo seu sentimento em relação ao mundo, ao seu mundo.
E que o meu "rasga-pele" não passa de receios muitos antigos e quem sabe incuráveis, apenas dígnos de um bom tratamento.
Não vim pedir-lhe que leia minha bula invertida e que não se sinta satisfeito em relação ao meu temperamento.
Só lhe peço que aceite minhas lamúrias e me ajude a encontrar a verdade que todos que vagueiam pelas vísceras da mente procuram.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Valsas e essências

Um, dois, três...
plié tendu
Um, dois, três...
passé
Um, dois, três...
sorriso
Um, dois, três...
postura
Um, dois, três...
arabesque
Um, dois, três...
dor
Um, dois, três...
pirueta
Um, dois, três...
suspiro
Um, dois, três...
amores
Um, dois, três...
adágio
Um, dois, três...
mentiras
Um, dois, três...
Attitude
Um, dois, três...
Chopin
Um, dois, três...
expressão
Um, dois, três...
Corpos a bailar
Um, dois, três...
Histórias a desenhar
Um, dois, três...
no vão do movimento
Um, dois, três...
nas cores da respiração
Um, dois, três...