segunda-feira, 28 de maio de 2012

27 graus em Joinville...

...em pleno inverno, pois o dia 28 de maio para eu é inverno! Romances bobos, vinho e doces de confeitaria era o que estava em minha mente, mas na verdade, trata-se de uma segunda-feira de trabalho sem ter nada o que fazer a não ser imaginar encontros românticos e conversas filosóficas como preliminares. Ao mesmo tempo que a diarista sonha com um antigo amor da Espanha e toca Marisa Monte no rádio. Há alguns minutos atrás fui comprar meu almoço em um mercado absurdamente caro, que fica em uma rua repleta de características burguesas: lojas caras, Yoga, centro de estética, nada muito funcional. O telefone toca (corro)...marcar limpezas de pele e depilação não me deixa nem um pouco satisfeita ou feliz (tem diferença?). Trabalhar não me alegra, pois sempre fico pensando nas inúmeras possibilidades de coisas que poderia estar fazendo, e então imediatamente lembro que sem dinheiro não iria conseguir fazer absolutamente quase nada. Tudo isso se passa enquanto tento entender o tal quadrado de Punnet ao som de Zezé di Camargo e do polimento do carro da lavanderia ao lado. E o mais engraçado disso é que estou em um ambiente repleto de mulheres que gostam de ler colunas sociais, acham tudo da Carmen Steffens maravilhoso e só pensam em transar com caras ricos, enquanto eu tento conceituar cultura depois de ler um livro de introdução a antropologia. Tudo bem que uma vida de intensa leitura e sem sexo não se compara a roupas caras, carros luxuosos, festas e flashes. Não consigo me livrar da estranha mania de acreditar que um dia estarei em uma casa decorada por mim, cheia de elementos que me lembrem todos os bons momentos da minha vida, ao lado de alguém que eu tenha liberdade para falar o que bem entender, com que eu posso passar madrugadas conversando e tomando um bom vinho. Para quê mais? Isso é semiótica. Sem mais explicações. O mundo já é cheio delas; há explicações porque você deve continuar no seu emprego, em um relacionamento, numa faculdade, até mesmo quando tem que pegar um ônibus. Um ciclo, sistema, lógica, padrão. Já estamos desgatados com isso. Mudar de cidade, distante da família, dos amigos, caminhando por ruas nuncas antes pisadas, comendo em lugares que você não conhece, itinerários novos, economia geral, divindo o apto com estranhos e se estranhando, com uma sensação de solidão percorrendo todos os cantos, além do anonimato, é assustadoramente perfeito.

sábado, 19 de maio de 2012

Amiga porque não vem tomar um chá?

Estava tudo preparado, a mesa havia sido posta no quintal com as louças chinesas recém compradas, o chá estava pronto e quentinho, o cheiro de canela se espalhava pela gostosa tarde de domingo e o sol brilhava como uma lembrança de outra vida. Tudo pronto, mentalmente.

Passar um dos poucos sábados de folga enfornada dentro de um quarto pálido enlouquece, enquanto sua mãe não dorme a 300 km dali pensando nas suas idéias suicidas. Na falta do que falar diga que vai se matar. Mas como exteriorizar toda aquela vontade espiritual de perder-se em um telefonema? Era melhor dizer que nada tinha mais sentido e que prédios altos estavam infestando sua mente. Os últimos três anos se acumularam naquele mês de maio, onde gostaria de mandar todos para o inferno, mas a minha estranha educação não permitia. E neste mês aliás as palavras "sistema", "sociedade" e "consumo" foram repetidas inúmeras vezes pra tentar explicar o que estou sentindo. Talvez outras também expliquem "saudade", "sexo", "amizade", "café", "inspiração", "umidade", "cuca alemã", "odeio zoologia", "mar", e tantas outras, poderiam definir o que corre pelas minhas entranhas, além de acidez. Na procura desesperada pelo o que realmente anda acontecendo comigo excluindo as coisas clichês de sempre, resolvi escrever. Tenho pensando muito nisso, talvez Clarice Lispector precisasse escrever pois o que tinha dentro de si era demais, mas para quê escrevo? Será que para explicar que sou uma desajustada e a única maneira que encontro liberdade é através da escrita, como escrever a palavra cú, pequena e complexa, mas com significado pesado. Ou quem sabe essa seja a única forma de chamar minha chefe de alguma espécie de nazista ou puta. E como explicar a vontade de sair dançando pelas ruas como se fosse um musical? De tirar fotos nua? Essa coisa meio nonsense, surreal, anda em minhas veias. Rotina me cansa, e a culpa me afunda. Mesmo neste estado deprê, tenho que concordar com a Björk:  "There's more to life than this." E é isso que me move, de repente alguma coisa acontece e pronto: cadê a vida que eu levava? Iria para qualquer lugar do mundo se soubesse que dormiria mais de 8 horas por dia. Mas o que eu queria mesmo dizer é que sinto falta e a saudade me inunda.

segunda-feira, 7 de maio de 2012


Há momentos que me sinto suspensa em águas tranquilas onde meus pensamentos fluem sem direção como se a vida fosse una. Gostaria de estar caminhando por vastos campos, onde o frio e cheiro de café fizessem parte do meu dia. Sinto uma imensa falta das coisas simples onde o que importa é apenas olhar para o horizonte. Meus amigos estão espalhados vivendo as suas vidas; as pessoas em geral seguem o seu rumo enquanto eu quero parar.  Esse sentimento sempre me acompanhou; encontrar sempre me fez querer voltar e ser feliz me fez sentir saudade da tristeza. Existe um porque explicável para tal insatisfação, ou então eu seria absurdamente ingrata.  Há situações que me deixam transitável, mudanças me deixam um pouco enojada, amigos negligentes também.  Minha vida se transformou em um caos calmo quando resolvi fazer as malas e ver no dá. De uma bolha fui para a outra. E o que mais preciso é de atenção, do tipo que perguntem se estou viva. Viver nessa cidade ensolarada perde todo o romantismo.  Passar o dia esperando por noticias enquanto se é a noticia é tremendamente chato.  As coisas acontecem naturalmente enquanto você é um intruso. O mundo se explica aos seus olhos sem você perguntar nada. Não há poesia, nem toque de sinetas. As tardes não tem cor e o choro é terapia.