sábado, 19 de maio de 2012

Amiga porque não vem tomar um chá?

Estava tudo preparado, a mesa havia sido posta no quintal com as louças chinesas recém compradas, o chá estava pronto e quentinho, o cheiro de canela se espalhava pela gostosa tarde de domingo e o sol brilhava como uma lembrança de outra vida. Tudo pronto, mentalmente.

Passar um dos poucos sábados de folga enfornada dentro de um quarto pálido enlouquece, enquanto sua mãe não dorme a 300 km dali pensando nas suas idéias suicidas. Na falta do que falar diga que vai se matar. Mas como exteriorizar toda aquela vontade espiritual de perder-se em um telefonema? Era melhor dizer que nada tinha mais sentido e que prédios altos estavam infestando sua mente. Os últimos três anos se acumularam naquele mês de maio, onde gostaria de mandar todos para o inferno, mas a minha estranha educação não permitia. E neste mês aliás as palavras "sistema", "sociedade" e "consumo" foram repetidas inúmeras vezes pra tentar explicar o que estou sentindo. Talvez outras também expliquem "saudade", "sexo", "amizade", "café", "inspiração", "umidade", "cuca alemã", "odeio zoologia", "mar", e tantas outras, poderiam definir o que corre pelas minhas entranhas, além de acidez. Na procura desesperada pelo o que realmente anda acontecendo comigo excluindo as coisas clichês de sempre, resolvi escrever. Tenho pensando muito nisso, talvez Clarice Lispector precisasse escrever pois o que tinha dentro de si era demais, mas para quê escrevo? Será que para explicar que sou uma desajustada e a única maneira que encontro liberdade é através da escrita, como escrever a palavra cú, pequena e complexa, mas com significado pesado. Ou quem sabe essa seja a única forma de chamar minha chefe de alguma espécie de nazista ou puta. E como explicar a vontade de sair dançando pelas ruas como se fosse um musical? De tirar fotos nua? Essa coisa meio nonsense, surreal, anda em minhas veias. Rotina me cansa, e a culpa me afunda. Mesmo neste estado deprê, tenho que concordar com a Björk:  "There's more to life than this." E é isso que me move, de repente alguma coisa acontece e pronto: cadê a vida que eu levava? Iria para qualquer lugar do mundo se soubesse que dormiria mais de 8 horas por dia. Mas o que eu queria mesmo dizer é que sinto falta e a saudade me inunda.

Nenhum comentário: