Todos os meus trabalhos foram em grande parte tediosos, eu mesma me intitulo a rainha do tédio por isso. Meu primeiro emprego foi meio período em um museu quando estava no ensino médio, aos domingos chegava a pensar que a cidade inteira tinha morrido e só havia restado eu. Me sobrava muito tempo pra ler, então eu lia os guias turísticos, tentei aprender algumas palavras en español e assim tentava sobreviver ao tédio. Depois virei funcionária pública, só que até chegar a minha rotina tediosa eu passei alguns perrengues (muitos ônibus, chuva, acidentes, medo, insegurança), mas no trabalho era a mesma coisa, sem muitas surpresas, assim consegui fazer duas faculdades. Muitos me diziam que era uma maravilha não ter muito o que fazer, eu me sentia uma completa inútil como eu me sinto agora. Nesses momentos ociosos no trabalho apesar do meu esforço tentando encontrar algo o que fazer, eu conheci muita música boa, li bastante coisa, baixei muitos filmes e a maior parte do que eu escrevo no blog foram no período do trabalho. Esse ano se não fosse o yoga, o flamenco, o espanhol e o inglês não sei se aguentaria todos os dias "trabalhando" 40 horas por semana. Tenho meditado muito pouco, mas mereço um pouco de consideração por esse silêncio tortuoso que tenho passado, além das rotineiras humilhações e das conversas medíocres que acabo ouvindo. Graças a esse trabalho paguei muita coisa que me faz bem e fiz alguns cursos. Mas continuo o mesma pessoa inconstante de sempre, que tenta cada vez mais abandonar a passividade da personalidade e selecionar o que realmente lhe acrescenta alguma coisa na vida; não quero ser de modo algum mal agradecida, respeito as pessoas da maneira que são, mas ouvi muito lixo esse ano, recebi muita energia ruim e aprendi com isso. Se não fosse as pessoas incríveis que eu conheci que muito me inspiraram, já havia desistido muito tempo.