Quando morava sozinha sentia falta da solidão da casa quando morava com meus pais. Agora ela está por todos os cantos. Coloco Jorge Drexler pra preencher todo o ambiente, sua música me lembra algo íntimo, doce, sutil, assim como a intimidade que tenho com a casa vazia. Nos primeiros dias que voltei pra casa pequenas arrumações me animavam, limpava a casa como quem limpa a própria alma, mas continuo a mesma. Estou cansando dessa simples rotina, que na verdade é muito complicada. Há tantos detalhes: o pó dos móveis, a poeira do chão, as manchas a umidade, a dispensa, os roupeiros, a geladeira, os banheiros, os cantos esquecidos que precisam ser limpos, a segunda gaveta da cozinha com os talheres maiores, a areia da gata, as plantas...tudo isso e as pessoas descansam na frente da televisão. Para mim todo espaço é sagrado e deve conter partes nossas em forma de energia.
Já fiz limpeza energética na casa com palo santo (muito bom por sinal), sal amargo e confeccionei um filtro dos sonhos para sala. Na verdade tentei colocar pedaços de mim espalhado pela casa, porque me sinto deslocada, porque tenho que respeitar meu próprio espaço sagrado.