sexta-feira, 9 de abril de 2010

O eterno

Olhou de baixo da cama. Procurou nos armários, nas gavetas, no porão. Acendeu uma velha apesar do final de tarde ensolarado e procurou novamente embaixo da cama. Onde será que tinha colocado?
Fixou seu olhar sobre a janela que dava para o mar, as ondas faziam uma dança sublime sobre o começo do crepúsculo. Fechou a porta atrás de si e debruçou-se sobre a mesa. O café já estava pronto e não havia ninguém para acompanhá-lo nessa atividade tão prazerosa e ao mesmo tempo solitária; era o seu café das cinco.
Novamente seus olhos se voltaram para o mar e lá se esqueceu das horas. Depois de algum tempo voltou a procurar que tinha sumido. Percorreu a sala fria olhando na estante, no cinzeiro, debaixo das almofadas, do sofá, e ainda assim não encontrou nada.
Decidiu esvaziar a mente, ficou por horas procurando e por fim esquecera o que havia perdido.
Fechou os olhos e tentou lembrar o que ocorreu nos dias anteriores a ponto de descobrir sua agitação, algo que não acontece na sua trajetória sistemática pelos campos de Yorkshire.
Sua vida se resumia em uma boa caminhada pela manhã até a feira mais próxima de sua casa, e lá se deliciava com as verduras e frutas fresquinhas, e viajava a lugares incríveis (sem sair do lugar) apenas sentido o aroma das especiarias de cada tenda.
Mas algo mudou em sua rotina; algo que não se recorda, apenas está arquivado na sua mente, e a procura é a sua obrigação, mesmo não tendo certeza do que está a procurar...