A morte me pareceu como uma menina de cabelos compridos e cacheados que com o andar decidido comecei a seguir. Não sei porque pensei na morte na caminhada até a rodoviária, mas havia uma sensação que me perseguia por esses tempos que andava sozinha, e eu chamava de atração. Essa atração pude perceber nos noticiários, pessoas mortas a cada segundo enquanto cumpriam sua rotina; a morte as rodeava e elas a atraiam. No universo as coisas acontecem e ninguém tenta explicá-las. Há um curso natural em tudo que acontece? O que se repete não comprova nada. Ultimamente tenho seguido o curso da minha vida e pouco sentido encontro. Tenho procurado desconstruir pra coexistir. Prateleiras de supermercado não me dizem nada, vitrines me cegam, tudo que me cerca me causa vertigem, mal estar social. E não sei se fico do lado dos intelectuais com verdades que só se aplicam a eles ou ao lado dos ignorantes que apenas sobrevivem. Sinto falta da infância, da inocência, do descobrir o mundo com fervor. Construí labirintos os quais me perdi, agora sento como se sustentasse meu próprio ego. Deito como se meus pensamentos corressem como um rio. E havia tantas coisas que não sabia dizer. Era só questão de suspirar da janela do ônibus, enquanto as coisas passavam correndo do seu lado, quase que perdendo a forma, principalmente se for noite e todos os carros com os faróis acessos, você fecha os olhos e abre rapidamente (que sensação!). Ao abrir os olhos só vejo faces cansadas a dar de ombros para a maravilha das formas. E nas minhas formas sempre havia uma ponte, ela ficava ali quando era preciso pensar um pouco na morte. A profundidade do mar, o mistério, a calma. E o que eu mais queria era me apegar a algo que compreendesse todas as minhas metamorfoses.
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