Já fiz tudo para chamar atenção. Revirei o báu de lembranças, toquei melodias sem partituras, segurei firme em minhas mãos as sensações que não podiam mais ser tocadas. Quando percebi estava em lugares jamais imaginados que me ensinaram a loucura que é a procura. A ausência me fez buscar tantas coisas que nada a substitui. A ausência me preencheu com música, livros, cartas, vinho, filosofias que não servem pra nada. E pode passar quanto tempo for, enquanto aquele desejo de obter algo que possa ter em mãos ainda persistir nos meus sonhos mais lúcidos, mais queridos, nada fará que eu desista de procurar. E o mais interessante dessas coisas que anseio é o mistério de não obtê-las. Tenho um medo terrível que as coisas que desejo se tornem tangíveis. Uma coisa infantil que existe dentro de mim que sonha alto e por lá quer ficar, nos céus. Essa falta deve servir pra alguma coisa, esse medo de acontecer deve ser algum sinal. Acho que já é hora cumprir a travessia, chegar do outro lado da margem do rio que transborda em mim, sem medo da sua profundidade, da violências das suas águas ou do seu silêncio meditativo. Se expandir como o universo cálido.
Entregar-me as incertezas dos caminhos e ser o que sou. Somente ser.
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