segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Não choro mais

Vai passar,
ele disse.
Mas quem se importa? Tudo passa e o resto?
Viver tudo para que um dia simplesmente passe.
O homem com seu terno azul marinho passou correndo, mas elegantemente arrogante; sentou-se na primeira cafeteria que encontrou e baixou a cabeça.
Chorou como uma criança de seis anos que se perde dos seus pais; pois ai está, ele estava perdido, perdido em linho; e por fim o que perdeu mesmo foi a linha, a linha dos seus pensamentos. Andava em trilhos no trem da boa vida.
Soluçava mágoas de dez anos atrás, soluçava arrependimento. Um homem sozinho é uma besta ou um deus?
Pouco se sabe da vida, o que ela reserva para os corações sonhadores, para os ingênuos, ou mesmo para os céticos.
O que se sabe é que um dia as coisas desmoronam e depois você se edifica, seja com cimento, seja com sangue.
Então, ela correu; correu para longe em seu vestido tão gasto. O vento em sua face despertava sorrisos de liberdade, de intensidade, de amor.
Sorriu como uma criança de seis anos que encontrou os pais dos quais se perdeu por alguns minutos; pois ai está, ela estava perdida, perdida em seu vestido velho, mas sabia o caminho para casa.

4 comentários:

Lynx disse...

São esses contrastes da vida, que a tornam tão terrivelmente bela.

Geraldo Brito (Dado) disse...

Belo texto.

Unknown disse...

belissimo texto...

Antonio Sávio disse...

Lindo texto. Grato por sua visita ao meu, seu, nosso blog. Beijos e saudações poéticas.