segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Parsley, sage, rosemary, and thyme

Levantou a cabeça como se aquele movimento explicasse o que estaria por vir. Sentiu o vento mudando ao final de tarde, que junto com a noite trazia mistérios ou talvez fosse apenas um pressentimento. Subiu em seu cavalo na densa relva verde; acariciou seu pêlo macio e deitou a face sobre o dorso do animal. Fechou os olhos, e naquele momento único e solitário, a natureza o abraçava trazendo lembranças da feira de Scarborough. Quem seria aquela donzela que o observava timidamente enquanto agraciava o mundo com os mais doces acordes de harpa? Um cavaleiro como ele marcado pela guerra, pelo seu destino frio e honrado, ainda que o tempo o tornasse áspero, se sentia acalentado por aquele olhar. A donzela desconhecida despertou sentimentos há muito adormecidos e reprimidos por suas batalhas sangrentas.
“O que o levou aquela feira?” Pensava enquanto observava silenciosamente a colina. Sentia-se novo, Scarborough nunca mais seria a mesma, ele não seria o mesmo. Queria voltar lá, escutar os sinos ao longe, toda a agitação da cidade, e saberia que estaria perdido no meio de todos, pois seus pensamentos já não eram mais seus, estavam repousados sobre a doce face da donzela desconhecida.
Um trovador qualquer poderia cantar aquele sentimento; ele desafiaria todos os generais. Por amor o que um homem não seria capaz? Ela tecia seu caminho: aquelas flores em seu cabelo, não eram a primeira vez que as vias. O seu sorriso fazia lembrar de casa, quando ainda muito jovem apenas sonhava em ser um guerreiro e um dia encontrar um moça com quem poderia ser feliz e criar os filhos. Mas lá estava ela do outro lado da montanha; ela que um dia o pertenceu, e estranhamente sabia disso.

2 comentários:

Anônimo disse...

que lindo esse texto! Leve e tocante.

ass: pri

Antonio Sávio disse...

Poético seu texto. Vibra o talento em cada palavra, cada vírgula que escreves.