domingo, 23 de dezembro de 2012

Ela queria chorar aquela noite, mas apesar de seu temperamento poético que aflorava com o avanço da escuridão, não conseguia nem uma lágrima. Música mudava completamente seu estado de humor, devido a isso não escutava mais Chopin. Estava lendo algumas frases de Milan Kundera, que sempre achou ser mulher e russa e o ar se deprimiu a sua volta, a sua alma ficou presa nas palavras. Resolveu escutar Chopin e seu espírito doía com tanta beleza. Lembranças, de ontem, de muito tempo atrás. Estava presa em um tempo que só existia para si mesma, onde buscava conforto e identidade. Quanto tempo demoraria para ter alguma doença mental? Sempre achou justo, dada a torrente de pensamentos de sua mente. Se sentia tão triste e sem motivo, era alguma coisa bela pensava...melancolia como notas de um piano. Fechou os olhos e tudo ficou tão intenso, era a solidão que a escrita não permitia ficar calada. Suspirou, estava meio adormecida e tantas imagens se formavam dentro de si. Era a vez de Debussy e a madrugada deitou-se de costas para ela. E a noite ébria lhe cobria e beijava-lhe a face. Pensou em um manto feito por Klimt e fez Satie dançar, era o seu rivotril.


3 comentários:

Gustavo Machado disse...

Quem não tem doença mental?

Gustavo Machado disse...

Tem uma beleza dolorida também, mas inebriante.

Anônimo disse...

eu quero o manto do Klimt!