Então eu cresci, cresci como qualquer outra criança que fosse normal. Ao começar a escrever logo noto o peso de uma frase ou mesmo de uma palavra, ao dizer 'criança normal' eu não estou falando de todas as crianças do mundo, do Brasil ou do bairro em que cresci, estou falando de uma classificação a qual acredito que fiz parte. Na verdade ou melhor sendo sincera, sempre me coloquei no grupo dos estranhos ou desajustados. Só comecei a dar conta do preconceito enraizado na minha educação aos 10 anos, quando fui proibida de brincar com uma garota da minha sala que além de ser negra e pobre, tinha piolhos, e eu branca, com os cabelos cacheados lindos não poderia pegar piolho né? Graças a mamãe! Mas obediência nunca foi meu forte, mas deveria obedecer a mamãe, só que resolvi tomar uma atitude para ajudar a minha amiguinha. Falei no ouvido da professora que ela estava com piolho. Ué, ela tinha que resolver o problema, sempre acreditei que as professoras poderiam nos ajudar em tudo (aí começou meu sofrimento por anos). O problema foi solucionado, a orientadora da escola chamou a minha amiguinha pra conversar fora da sala e eu jamais vou me esquecer das lágrimas dela. Ela tinha perdido a mãe que lhe fazia penteados e cuidava de seu cabelo despadronizado, e naquele momento sentia toda a rejeição pelas pessoas perfeitas que estavam ao seu redor, que acreditavam nisso, como tentaram me fazer acreditar. Mas eu gostava muito dela e isso não me abalou, apesar de ficar divida entre a opinião da minha mãe e a nossa amizade. Sempre admirei as pessoas que não tinham nada de 'normal' nesse mundo, elas me proporcionavam tudo o que precisava.
Um comentário:
que descoberta maravilhosa o teu blog, tou a adorar :)
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