Quando as pessoas nos abandonam elas não precisam estar ausentes necessariamente. Não lembro quando foi a primeira vez que alguém desistiu de mim, pois desde de criança costumava desistir primeiro. Hoje eu até insisto, pergunto, converso, tento entender, mas tem coisas que já perdermos há muito tempo. De repente as pessoas param de se encontrar, depois param de ligar e somem de vez. Um reencontro depois de uma longa distância me desloca, mas sempre dou um jeitinho de ser agradável. Mas talvez o pior é que algumas pessoas nem tentam. E é por isso que odeio emails, chats do facebook, sms, que só servem para adiar encontros. Tenho feito um imenso esforço para me manter conectada virtualmente, aliás não faço muita coisa além disso. E lá vai a rotina, a esperança de alguma mensagem que torne a existência mais interessante, um convite, uma confissão, uma lembrança de três anos atrás, conversas arquivadas, qualquer coisa que foque o pensamento em você. Mas há tantas coisas, tantas pessoas, tantos assuntos, eventos, ideias, textos, poesia, literatura, música, blogs, reportagens, videos, filmes, séries, etc. Um jogo de imagens nos afastando do outro, que não permite mais visitas surpresas, conversas mais longas, a sensibilidade da observação, de conhecer realmente o outro, do silêncio compartilhado (existe?), das coisas sutis. Todos procuram a mesma coisa, vestem a mesma coisa, leem a mesma coisa e buscam até serem igualmente diferentes.
Sei muito bem que muitos amigos desistiram de mim e ainda desistem. Sei que minha família já desistiu de mim. Que os homens desistem de mim, pois não confio neles. Eu mesma não confio em mim e já desisti várias vezes. E todo o meu esforço para tornar meus objetivos mais claros, de expor a minha dor e somente deitar sobre as feridas tem sido um fracasso. Eu só queria me entregar quando olho nos teus olhos.
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