sábado, 28 de julho de 2007

Insanidade?


Minha loucura já está saturada, querendo vir ao mundo.Grávida dos meus desejos e receios, cuido deles como um filho aqui.Mas vejam só, como posso “parir”?Cada dia passa e minha bolsa está querendo estourar.O balão está cheio de ar.Preciso de uma agulha para furar a bolha que vivo.De tudo que evitei, de meus próprios pensamentos.Não há como deixa-los de lado, eles simplesmente latejam em sua mente pedindo uma chance.Querem voar, realizar e participar.Ter uma vida digna, com a certeza de fazer somente o bem e existir por um momento além daqui.Me falta coragem meu caro amigo, tenho muito o que viver até realizar as ínfimas partículas do que tenho medo.De aceitar a verdade sem preconceito.E inquietar o espírito, aprendendo que saber demais é um erro.Quero repartir- me em muitas, dividir meu algodão doce e soprar bolhinhas de sabão.Girar e ficar tonta.Ser feliz com o mínimo.Sentindo tudo e não apenas ouvindo.Fechar os olhos confiando no outro.Esquecer de dogmas, tabus, padrões,regras...sendo ridículo.Há tantas coisas por aqui, que não me deixam feliz, que não me deixam triste.O pote foi agitado, foi misturado doce com amargo.E andando por aí vendo as faces da realidade, observo que tem coisas que não fazem sentido.Como que no meio de tanta riqueza e informação, temos ainda pobreza e ignorância?Por que os olhos vêem e distorcem o que é real?Para que tanta contradição, mentiras, egoísmo; para no fim castigarmos a nós mesmo pelo o que vivemos?Temos que viver pelo o que é importante, e quem irá sacrificar a sua vida pelo outro?Realmente não compreendo e ainda procuro respostas, antes que minha insanidade de querer mudar as coisas querer vir ao mundo.Estou no meu limite, e gostaria de escrever alguma coisa melhor que essa porcaria de texto.
Eu quero sol na minha montanha.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Cansei

Definitivamente.
O que será não importa mais; não vai ser do jeito certo.
Do jeito que eu quero.
Desejo que isso passe...
E não volte enquanto eu enfraqueço
Eu quero dormir; me entorpeça!
Não quero tomar consciência de mim
E retomando as forças, eu calculo o tempo perdido.


As ruas vazias me esperam
Os olhares evasivos me espiam
Arde o futuro
Incerto e inseguro
Projetando uma estátua de mim sem coração.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

As cortinas se fecham

Sim, eu sinto falta do ébrio;
das luzes
dos braços suspensos ao ar.
As mãos acariciando as estrelas
o perfume do movimento,
tocando e invadindo o íntimo.
Dos sonhos
da dor
do brilho no olhar
da emoção...
sobrepondo o pensamento cru.
Do rodar das saias
circulando os desejos
preenchendo os restos
encantando o coração.
E o vazio que não era mais
na última camada
o espírito em paz e o corpo em vão
fazendo de ti um ser pleno dançando.

domingo, 15 de julho de 2007

"Estamos vivos, ouviu bem!? Mas só por esta vez. Podemos dizer, de braços abertos, que existimos! Mas logo somos colocados de lado e enfiados no saco das trevas da história. Pois somos criaturas sem retorno. Somos parte de um eterno baile de máscaras, em que os mascarados vêm e vão. Só acho que mereceríamos coisa melhor... Você e eu mereceríamos ter nossos nomes gravados em alguma coisa eterna, que não fosse apagada como o mar que destrói o castelo de areia"
O dia do Coringa - Jostein Gaarder

sábado, 14 de julho de 2007

Eu vi um passarinho morto

Tornou a manhã cinzenta, mais uma vida que se vai sem ser enterrada, morreu aqui nessa casa, leve com você meu pranto...Descansa e veja um novo sol.
Pobre criatura, deve ter morrido electrocutada por esses fios pretos que cortam o céu.Os seus se despedem do modo mais dolorido, tentando reconhecer o morto vivo.
A frágil vida, tão amarga e quente, doce nas margens e ácida no interior, que nem limão.
E o que posso tirar disso?É um ciclo vicioso.As vidas nascem e morrem.Coisa mais “nonsense”.
É um nariz sangrando depois de um soco e você enche de algodão, ignorante; pra parar o sangue; é o caco de vidro entre os dedos; a língua queimada; o céu da boca rasgado; a afta e o sal; a dor de dente. É a dor da vida.É dor de gente.
Não pare pra pensar e se culpar pelo seu viver, vá em frente e não perca tempo há muito sangue para ser derramado e muitas nuvens de algodão pra desabar na sua cabeça.
As estrelas roxas colorem o céu daltônico, ele é da cor que você vê.
Hoje é amanhã e ontem é hoje.Então corra pelos campos amarelados e respira melodia.
Voe pelo chão, grite para a sua mãe pedindo socorro.
Não estou louca, bêbada, perturbada.Eu estou escrevendo o que penso.E penso que o mundo é cores, mesmo que você não possa enxergá-las.
O céu está sem estrelas, mas eu sei que elas estão no mesmo lugar, tocadas pelo silêncio.
A beleza de duas formas que é a vida.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Pedaços

É complicado falar, quando tudo o que você tem a dizer está além das palavras.
Os gestos, os olhares, a boca...
Talvez muito mais que humano, que o cotidiano.
Incertezas tomaram conta do meu ser, de modo que tudo é certo, mas não praticável; sem uso, esquecido, deixado de lado por medo da verdade, do autêntico.
Simples, o que tenho que transformar em falas ou gestos.Sem palavras complicadas, explicações longas, sem hesitação.Apenas o silêncio...
Como uma canção de ninar para acordar a tarde e acalmar a noite.
Encanto.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Minta

Olhe a sua volta
Sou eu, você e o mundo
E nada importa, além do vento forte lá fora
Abafa o que deves me dizer baixinho no ouvido
Mas não é o bastante
Precisamos de música
Acompanha-me nessa dança?


Não me olhes com esses olhos
Não me verás assim
Apenas minta
Para mim
E nessa dança, quem sabe me apaixone
Pelas suas doces mentiras.


Aurora ou Crepúsculo?
Tanto faz
Sem detalhes
Um retrato comum de nós dois
Gravado na minha memória
Inesquecível...


Lágrimas não quero mais
Realizar;
Fazer da poesia a própria vida
Sem ser poeta, mas fingindo amar.
Eu vou!
Achar-te.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Não gostou?Mata!Vomita!Suicida!Mas não cometa o mesmo erro

Somos nós!Canibais de almas.Devoramos os bons frutos, enraizamos as sementes podres.
E o que nós vamos colher?
Míseras caridades, compaixão?
O que esperar de um ser tão domesticado e alienado que nem o humano?
Nada, além de ingratidão e ceticismo, ou pior, idéias inflexíveis e ideais comprados.
Heróis patológicos, naturalmente anônimos jogando pedras no oceano.
Sorrisinhos amargos e insensatos recebemos como o “pão de cada dia”.
E de uma maneira patética as pessoas tentam ver o mundo melhor, mas cometendo as escolhas erradas.
Acreditando em salvação, não sabendo que o nosso único céu está virando inferno.
Recebendo ordens inferiores de mentes maquiavélicas.
Os jovens pegam os seus brinquedos e se escondem debaixo da cama, criando imagens distorcidas de si mesmo.
As crianças choram pela infância perdida, pelo mundo que mal conhecem já se declarar tão cruel.
Pela televisão mentir com novelas estúpidas e esconder quem diz a verdade.
E por toda forma de governo que se baseia no egocentrismo e poder exagerado (que já não é mais poder).
E que podemos fazer?
Não encontro respostas nos livros.
E nem caminhos.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Novamente

Não quero pensar que em algum momento fui indiferente a tantas reações excitantes.
Jamais.
Calúnia minha em relação ao que penso; desculpas eu peço, traí minhas expectativas.
As coisas mudam, não de lugar e sim de estações.
Louca eu imaginar que tudo permaneceria genuíno e inocente.
Malditos números, talvez se não existissem dessa maneira esqueceria que tudo envelhece.
E não esperaria por muito tempo sentado aqui debaixo da nuvem negra e da árvore marrom.
Enquanto a chuva não chega, eu fico aqui amaldiçoando as horas e o sol maldito também.
Preocupo-me com o que vem depois; por isso não vivo.Sonho e vejo tudo passar.
Não quero ser lembrada, nem que meu nome seja lapidado, de maneira alguma.
Quero permanecer lapidada na vida, depois a morte há de se encarregar com o que fazer de meu nome.
E por favor, nada de números.
Já não basta minha vida - relógio?
Eu quero uma porção de formas!Nada de rodas...
As rodas já passaram por minha vida com um azul intenso sobre um sol alaranjado.
Só me restam as notas, os ponteiros, botões, pontos, cantos, sinais e algo mais.
Os meus pensamentos latejantes.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Tristeza

Esparsa...
em vão.
Sinto eu e mais ninguém.
Prazer em conhecê-la!

segunda-feira, 2 de julho de 2007

É

E na agonia...
Tudo paira no ar; aquele que sobre a sua cabeça surge às trevas.
Minhas amigas diria.O que seria de mim se não houvesse a dúvida?
Não quero ter a certeza do que sou, e sim que posso ser melhor e claramente simples.
Sem a ignorância que atravessa a mente, as barreiras que impedem passos à frente.
Sem meu medo não seria eu.Não seria ninguém, pois o medo é o que me mantém viva nessa doce tristeza.
Delicioso o acre deixado na boca, quando tudo permanece instável; à espera de surpreendentes sensações.
Ouvindo atentamente a várias línguas, ficando surda e muda; apenas observando a fumaça ir aos céus depois da queima.
As cinzas ficaram, foi o que restou do choro pelo ardente desejo de liberdade.
Há lá fora uma opção.Sobras do que me angustiaram por tanto tempo; agora quero ser livre de todo esse desamor que é a vida.
E se o vento assim aceitar, eu irei atrás da minha estrela.
Apesar de eu sentir o peso sobre as minhas costas, de todas as coisas que não resolvi e finjo não sentir falta; eu quero sentir a alegria tomar conta do meu dia e fugir de mim.
Não há nada pior que você mesmo com toda a sua melancolia acompanhar os sorrisos que brotaram da sua face.
Sim quero ficar inconsciente.De quem sou, fiz, não fiz, irei realizar, enfim o que está na superfície dos sonhos e devaneios.
Se for preciso saio de mim, não existo, por um breve momento de prazer.
Insignificante número que possa me proporcionar à leveza de um olhar que me tome às dores e tire esse peso de minhas doloridas costas.
É que vou caminhar, mesmo pisando nas folhas que secaram e sentindo o cheiro da terra molhada a minha volta.O sol brilhando diabolicamente a minha vista e uma nuvem negra para me fazer sorrir diante de tanta loucura.
Acredito que as nuvens passam e outras cinzas tomam o seu lugar.
O sol nasce e se põe, e a noite vem pra ficar.
E ao fechar os olhos, isso, aquilo e tudo mais, não passarão de um mero detalhe.
Aquele o qual lhe perturba o dia vazio e não lhe deixa dormir.
Mesmo acorrentado eu vôo...
Sobre a sua casa, a esquecida praça, mergulho no mar frio, sento me ao teu lado, escuto o vento, o silêncio, danço nos telhados, caminho sobre os velhos trilhos, reconheço meu passado, nada penso do futuro; só tenho a certeza que atrás desse muro tem outra parede.
E diante de tantas portas, eu só fico com uma chave que só pode abri-las uma vez.

domingo, 1 de julho de 2007

O que será, que será?
Que vive nas idéias desses amantes?
Que cantam os poetas mais delirantes?
Que juram os profetas embriagados?
Que está na romaria dos mutilados?
Que está na fantasia dos infelizes?
Que está no dia a dia das meretrizes?
No plano dos bandidos, dos desvalidos?
Em todos os sentidos.
Será, que será.
O que não tem decência, nem nunca terá?
O que não tem censura, nem nunca terá?
O que não faz sentido?

Chico Buarque.