terça-feira, 30 de dezembro de 2008

"É tão difícil falar e dizer coisas que não podem ser ditas. É tão silencioso. Como traduzir o silêncio do encontro real entre nós dois? Dificílimo contar. Olhei pra você fixamente por instantes. Tais momentos são meu segredo. Houve o que se chama de comunhão perfeita. Eu chamo isto de estado agudo de felicidade".

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

La Fête


As cortinas foram fechadas
as máscaras foram postas
no baile
das profundas reverências
pelas insígnias faculdades
das irônicas transigências.
E em seu vermelho encarnado dos dias de inverno
a dança do tempo torna-se
uma valsa desritmada
admitível
nos deleites idiossincráticos da razão.

sábado, 22 de novembro de 2008

"A dor é minha e em mim doeu
A culpa é sua, o samba é meu
Então não vamos mais brigar
Saudade fez um samba em seu lugar".

sábado, 15 de novembro de 2008

Doce
amargo
meio-amargo
até o azedume
aos poucos
vou esquecendo
os sabores
e aos poucos
vou me entregando
aos desabores
da vida.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Que saudade, que aperto no peito.Por que vens e somes?Te esquecerei, e então, tudo estará perdido.Como os sussurros que não escuto, mas pronuncias.Este jogo de segredos e dúvidas está me cansado, fixando limites para as minhas esperanças.Repetirei os mesmos os erros, não ouvirei os teus sinais, mas sei que estarás presente no momento ou no sonho certo.

sábado, 4 de outubro de 2008

Sussurro

em algum lugar
das ruas estreitas
dos corredores dos ônibus
num jardim
repleto de ervas daninhas


na chuva que cai no rubro guarda-chuva
estão as confissões rarefeitas
cheias de sabor
aromas e folhas
quem sabe uma cicatriz na árvore


jogos e diabruras
a meninice nos olhos
as palavras doces nos lábios
quentes e macios
banhado pelas lágrimas


era segredo
apenas o que se sente sabe
talvez, um sonho
uma tolice
como um sorriso de uma criança

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Os dois estão convencidos de
que foi um sentimento súbito o que os juntou.
É bela uma certeza como essa,
Mas é mais bela a incerteza.

Acham que por não se terem conhecido antes
nunca houve nada entre eles.
E o que diriam as ruas, escadas, corredores,
Onde há muito podiam se cruzar?

Queria perguntar-lhes
Se não se lembram -
Na porta giratória talvez
Um dia cara a cara?
Em meio à multidão um 'com licença'?
No telefone a voz - engano?
- mas conheço sua resposta.
Não, não se lembram.

Ficariam surpreendidos de saber
Que já faz tempo
O acaso brincava com eles.

Não preparado ainda
a transformar-se para eles num destino,
aproximava-se e os afastava,
cortava-lhes o caminho
e, abafando a gargalhada,
saltava para o lado.

Houve sinais, signos, só que ilegíveis.
Talvez há três anos atrás
ou na terça-feira passada
certa folha voou
de um ombro para o outro?

Houve algo perdido e recolhido
Quem sabe, uma bola
já no bosque da infância.

Houve maçanetas e campainhas,
em que antes
já o toque se punha no toque.
As malas lado a lado no depósito de bagagem.
Talvez, numa certa noite, o mesmo sonho
Apagado imediatamente depois de acordar.

Pois cada princípio
é apenas uma continuação,
e o livro de eventos
sempre aberto no meio.

Wisława Szymborska

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Poente

Pedra sobre pedra
Peso sobre peso
Singelo
Então você vê tudo você
partículas plurais de uma existência
Até o mal gosto
A má sorte
o desbotado
abandonado
como algo que não faz mais parte da moda

entre quatro paredes
as marteladas
as lágrimas
o sal também dói

a consciência do que é mesmo
de quem é você mesmo
de que tudo isso não passa de um sonho
o sonho que se sonha e o que se vive
e qual a diferença?

domingo, 31 de agosto de 2008

Possibly Maybe

Tentei fugir,mas quando me dei conta eu já era outro alguém, e tanto que eu tentei impedir...eu queria, apenas queria e não acreditava. Não era sonho, não era realidade, eram as minhas entranhas no sonho de alguém...apavorado, eu estava tão apavorado, pensando que estava certo, mas não estava e nunca estive. "Talvez”, ele repetia pra si mesmo, com aquela mesma maneira hesitante de sempre; sim ele procurava e eu apenas observava. Ele era um pássaro errante procurando abrigo em meu desatino.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

Álvaro de Campos

domingo, 24 de agosto de 2008

A dor e a vida inteira

Como seria se...
não fosse.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

kala

E quando eu adormecer
Não haverá mais nada
Para que eu possa sentir

O aroma-canela
O gosto do mundo
A música das pessoas
A dança das suas bocas.

Os crepúsculos que passei sozinho
A tortuosa espera, por ruas estreitas
A dor tão animadora
que me mantinha vivo.

Os ônibus e suas histórias
Os rostos e seus temores
O cansaço meu Deus! O cansaço
do sem graça.

Os versos que não falei
As letras que não cantei
Os olhos que não roubei.

A esparsa tristeza
A constante agonia
A felicidade sussurrada
A uma vida que não é minha.



domingo, 3 de agosto de 2008

É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste...

Vinícius de Moraes

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Às vezes quando me pego em profundo silêncio ou talvez omissão enquanto observo as pessoas, parece que uma voz vem me contar sobre o sentido da vida como quem diz:"sabe moça, acho que você foi feita para apenas ver as coisas e não para vivê-las".
E tantas vezes eu me senti assim, essa voz sempre me a perturbar e eu fico pensando se é verdade meu Deus!Porque eu penso tanto? Porque eu vejo tudo?
Penso se é errado moderar ou não se envolver; é que as coisas são tão desinteressantes como eu, e acabo por ver tudo se acabar, e mesmo assim eu fico inteira.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Da marcha fúnebre

Deusa e seus demônios!
Tão delicada e cruel
até quando?
Esta leviana com sua bondade
com o seu calor, com sua queima
irá me deixar em paz!
Vadia! Ladra!Para que me perturbas?
Porque me invade?
Causas tanto sem ser nada.
Esta alma é minha miséria.
És parasita dos meus desejos...

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Escarlata

Louco!
Carrega sua cruz
estancando seu sangue com amarguras
matando
morrendo
desgastando
Mentindo!
E quem será?
Como fugir?
Sujo do jeito que está.
E quem o salvará?
Só lhe resta dançar um último tango
com sua parceira de saltos afiados.

domingo, 22 de junho de 2008

Sinfônico

Túmido e sereno.No aconchego das palavras cortantes ele se sentia eufórico.
Com uma morbidez de calar os mais ignotos; espalhando seu espírito soturno com sua respiração ofegante.
Não era um qualquer, mas se sentia só e abandonado, querendo ser.
Passava de tempo em tempo olhando para o exterior, procurava e procurava, razões dignas para acalmar-lhe a alma ferida.
Homem sem nenhuma fé, homem que não acreditava, homem que via no medo uma razão para a oportunidade.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Ballade

Caminhava sem itinerário
Tropeçava
Adormecia em um canto qualquer
Espiava pelo viés dos sonhos
dos outros


E de longe via tudo
o sol
a vida abaixo dele
a vida depois de se pôr
na alvorada


Numa boemia
Interna
De peito aberto
Numa liberdade sem fogo


Por dentro
até os ossos

segunda-feira, 9 de junho de 2008

"Sim, vai e diz
Diz assim
Que eu rodei
Que eu bebi
Que eu caí
Que eu não se
iQue eu só sei
Que cansei, enfim
Dos meus desencontros
Corre e diz a ela
Que eu entrego os pontos"

terça-feira, 3 de junho de 2008

Pluralidades

Migalhas.Fragmentos.Partes.Momices.Frações.

Desalentos.Valsinhas.Causas.Insignificâncias.

Escárnios.Infinitos.Demônios.Cotidianos.


Símbolos.Diagnósticos.Pedaços.Enfermidades.

Almas.Mortas.Hemorrágicas.Anômalas.Sofridos.


Físicos.Âmagos.Lubridiados.Cansados.

Vomitados.Desprezados.Ignotos.Desmedidos.Julgados.


Obscuros.Imaturos.Repletos.Logrados.

Devaneios.Inconcebíveis.Loucos.Deslocados.Ocultos.


Arrancados.Amarrados.Íntimos.

Espíritos.Comprimidos.Reprimidos.Olvidados.Partidos.


Desacreditados.Bêbados.Miseráveis.

Línguas.Omissas.Profanas.Feridas.Amordaçadas.Fingidas.


Cruéis.Amargas.Levianas.Alteradas.

Vagabundas.Santas.Prostitutas.Patéticos.


Covardes.Mentirosos.Putrefados.Cegos.Tiranos.

Absintos.Dilacerados.Inofensivos.Magoados.


Esmiuçados.Respirados.Provados.Usados.

Dias.Incolores.Vazios.Pungentes.Vividos.


Desvanecidos.Luminosos.Soturnos.Dormentes.

Corpos.Findados.Olhos.Vestidos.Faces.Mascaradas.


Bocas.Sujas.Falsas.Contaminadas.Alcóolicas.

Alcovas.Receios.Dores.Desgostos.Humilhações.Ofensas.


Aflições.Melancolias.Golpes.Farsas.

Restos e Sobras.

domingo, 1 de junho de 2008

"Meu Deus, me dê a coragem de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites, todos vazios de Tua presença. Me dê a coragem de considerar esse vazio como uma plenitude. Faça com que eu seja a Tua amante humilde, entrelaçada a Ti em êxtase. Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo e receber como resposta o amor materno que nutre e embala. Faça com que eu tenha a coragem de Te amar, sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo. Faça com que a solidão não me destrua. Faça com que minha solidão me sirva de companhia. Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar. Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo. Receba em teus braços meu pecado de pensar".

terça-feira, 27 de maio de 2008

Essências

Essas faces sem nome
atravessam o meu caminho
percorrem rios noturnos
amanhecidos
esquecidos
na penumbra
um único gesto
um tom
vibra dentro de uma alma
que se divide em duas
apenas um olhar
uma solitária sensação
equivalem a uma eternidade
em lapsos segundos

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Outono!
Os violinos a cantar
notas de ventos
doces e ascendentes
alvoradas dançam suavemente
as folhas sucubem
crepúsculos desvanecem
no rubor dos pensamentos
brisas perfumam
e tingem de dourado
a frivolidade dos dias
cravos anunciam a morte
a vida
o desabrochar das ilusões
e nesse naufrágio de corações
a maresia invande a alma
do pulsar dos sonhos de cada um.

sábado, 10 de maio de 2008

Eu gosto de sentir o calor da lágrima cair delicadamente sobre a minha face.
Denuciando os meus pensamentos defeituosos.E à você eu peço perdão pelas minhas irregularidades; agora sei o sabor da verdade e dói, não, lateja apenas, pois são incomensuráveis os meus pecados, aos poucos vou esmiuçando cada um...
E você Cor de mar eu agradeço por dividir sua alma comigo e aos poucos ir descobrindo com seu coração o significado das coisas.Ao Brilho das estrelas eu peço sua paz, por ter me descoberto no meio de tanta confusão.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

"...e ela cada vez maior, vacilante, túmida, gigantesca
se conseguisse chegar mais perto de si mesma, ver-se-ia inda maior...
e em cada olho podia-se-lhe mergulhar dentro e nadar sem saber que era um olho..."

domingo, 27 de abril de 2008

Átomos da alma

Ah, estou apaixonada pela primeira vez!
E não é aquela antiga paixão doentia, é algo mais sublime:
Noturnos.
Valsas Melancólicas.
Polonesas para tornar tudo mais vivaz.
Allegros.
Adagio.
E é tanto incenso subindo aos céus, exalando um perfume singular, e tudo isso, esse amor, essa dor...fazem da minha existência algo suportável, e até delicioso.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Rapsódia

Sabe quando você sente que determinado momento é uma despedida?
Envolto em uma nostálgica e melancólica noite, escuto aos fundos uma valsa ou um simples canto do adeus.
Tão cedo, sem rima, platéia ou laços amigos.Tenho que desatar os nós sozinho, mas sinto que aos poucos irei acabando-me e tornando-me um alguém que veio para ficar, tomando o lugar do que já fui e não serei mais.
Não usei a delicadeza, a paciência, o tempo não permitiu, foi arrancando essências e superficialidades das quais não preciso mais.
Ah, e as pedras!Foram colocadas em meu caminho de modo que me aborrecesse com elas, e triturasse a minha tolerância perante a vida.A vida das pessoas.
E quem sou eu agora?Alguém que aprendeu que não aprendeu nada?Alguém que fez que os erros não tivessem valor?Que fingiu ser honesto consigo mesmo, e o tempo todo usou o seu orgulho?Alguém?Se é que mereço esse título!
A única coisa de que tenho certeza é que os erros, esses sim eu faço questão de repetí-los em um cenário novo.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Réquiem

Ela encontrou a chave, mas não estava perdida.Os pássaros caiam graciosamente depois de manchar o céu de sangue.O sol faíscava enquanto girava em direção ao chão.O claro-escuro da lua paria melancolia noite adentro.Escalas ascendente e descendentes confundiam tormentos e doçuras.Os rostos deformados, os sorrisos aquáticos, os olhos petrificados pela imensidão do que não se pode ver.Há tanto perigo entre as mentiras, as sombras de desejos flamejantes, as inúteis sensações, os sabores ao vento.Um ponto nulo entre a eternidade do eu e o não sei quem sou, e talvez nunca vou saber.As relações violadas, as promessas que seriam quebradas se fossem feitas, aqueles beijos que só serviram de cumprimento.E aquela singular pontada no coração de que tudo não será como antes, como se não houvessem datas, horas, tempo, ou pessoas favoráveis a essas sensações.O vazio tão preenchido de dúvidas e notas que não param de tocar.As danças infinitas nos bailes da recordação.A orquestra de músculos que se esforçam para esconder a verdade, aquilo que é real, o que é tocável.As lágrimas salgadas dizendo um adeus sem palavras, sem antes mesmo de começar.As palmas invadindo o teatro sem terminar a peça.As risadas sem nenhuma graça.As cores sem tonalidade.Os vestidos noturnos em corpos desnudos cheios de histórias para contar.As mãos!Como são maravilhosas, o seu poder, a sua sensibilidade.É só tocá-las pra saber o quão é extraordinária a vida, e que sem seu toque não seríamos nada.Não somos nada.Não sou nada sem tocar nos meus sonhos.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.


Carlos Drummond

terça-feira, 15 de abril de 2008

Quebrada.
Aos poucos juntando os pedaços que estão sobrando, e os restos do que já se foi.
Completamente incurável, e não me venha com esse otimismo inútil; tem coisas que são essenciais, até a dor.

domingo, 13 de abril de 2008

Fingindo de viva

Hipócrita.Repita isso!Hipócrita, é isso o que é.
Deixe dessas coisas, vamos ser sinceras, até o ponto de nos sentirmos uma grande merda!
Vamos lá, não é difícil.Não é bela a hipocrisia?
Você está atolada, até o pescoço, do seu fingimento, dos seus sorrisos (falsos).
Provou da realidade?Coisas belas e sujas, completamente sujas que chegam ser uma obra de arte.
E você faz parte dessa pintura, tão bela e tão suja.
As coisas irão se repetir...

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Aurora

Trim trim trim!O telefone começou a tocar mais não há ninguém para atender.
Ninguém ardentemente feliz ou tragicamente triste, só há uma alma desbotada observando o jardim.
Passeia seus dedos pelos cabelos encaracolados que o vento espalha pelo ar.
Os espirais de seus cachos a levam para um lugar seguro, perdido no tempo e no passado.
Ela era uma menina, uma menina doce e quem sabe satisfeita com os sabores da solidão.
Sorria para o céu...e agora? Todo o azul a rodeava, seus olhos lacrimejavam e seu sorriso desaparecia.
Lembranças.
Moléculas azuis oníricas a bailar entre o vão das páginas amarelas a recordar.
Sorrisos de outrora, lágrimas que hoje persistem, giram delicadamente em caixinhas de músicas onde bailarina não tem par.
Procurando firmemente por momentos de luz, observando as cores da aurora, desvanecendo a cada crepúsculo que não foi admirado.
Seu coração gelado implorando para ser lançado para além dessa dor, no mais alto da montanha para ser apenas uma sombra.
A ânsia é grande, e é para longe, de crepúsculo em crepúsculo que trilhará sua verdade e desvendará os mistérios da carne.

"Faça nascer o sol em mim".

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,
- que amargamente inventei.
E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...

e um dia me acabarei.
Cecília Meireles

domingo, 6 de abril de 2008

Só mais uma canção

A natureza intrínseca dentro do meu coração, que acelerado bombeia todas as sensações para todos os meus sentidos, torna o sangue mais quente, a mente mais absoluta.
Derrama átomos de indecisão e milímetros de paixão, que resultam em uma tremenda dor de cabeça.
E desses miseráveis sentimentos quem sabe eu possa fazer melhor dessa vez.
Receber respostas do pulsar das minhas veias e atentá-las.
Desclassificando, tolerando e observando minhas estranhas reações.
Deixando de ser apenas uma iconólatra sem rumo por ruas nunca antes caminhadas.

sábado, 5 de abril de 2008

Em cartaz

Eu serei fiel, e acreditarei em mim mesma, se pudesse satisfazer-me realizando meus doces desejos e colocar em prática os filmes que não param de rodar em minha cabeça.
Estou nesse cinema sozinha e me arrepia a nuca em pensar que assistiria todos os clássicos de que tanto gosto com a cadeira ao lado vazia.
E então?Quando você vem?Eu sinto sua falta, mas ainda não o conheço.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

As horas

O meu constante costume de colocar todas as palavras no passado, me faz pensar no quanto quero esquecer as coisas antes que comecem.
Talvez isso seja um defeito, uma fuga, uma covardia nobre minha.
Um dia a máscara cai e quem sabe serei o que realmente devo ser, pois sei o que não sou.
E não estou aqui para enganar ninguém, apenas confundir.
Meu caro amigo vim aqui para lhe contar, que meu inconsciente já se rendeu antes de mim mesmo e está com uma grande ânsia de admitir todo seu sentimento em relação ao mundo, ao seu mundo.
E que o meu "rasga-pele" não passa de receios muitos antigos e quem sabe incuráveis, apenas dígnos de um bom tratamento.
Não vim pedir-lhe que leia minha bula invertida e que não se sinta satisfeito em relação ao meu temperamento.
Só lhe peço que aceite minhas lamúrias e me ajude a encontrar a verdade que todos que vagueiam pelas vísceras da mente procuram.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Valsas e essências

Um, dois, três...
plié tendu
Um, dois, três...
passé
Um, dois, três...
sorriso
Um, dois, três...
postura
Um, dois, três...
arabesque
Um, dois, três...
dor
Um, dois, três...
pirueta
Um, dois, três...
suspiro
Um, dois, três...
amores
Um, dois, três...
adágio
Um, dois, três...
mentiras
Um, dois, três...
Attitude
Um, dois, três...
Chopin
Um, dois, três...
expressão
Um, dois, três...
Corpos a bailar
Um, dois, três...
Histórias a desenhar
Um, dois, três...
no vão do movimento
Um, dois, três...
nas cores da respiração
Um, dois, três...


quarta-feira, 26 de março de 2008

E então, aqueles passos sem rima, aquela boca profana, aquele olhar sem gosto, aquelas mãos famintas decidiram se unir em um só dia.
Sufocando um peito sofredor, que chora lágrimas de ninguém.
O claro da noite que mais parecia dia cegava aos poucos aquela alegria, os resquícios de felicidade e satisfação.
E as coisas descompassadas como as noites turbulentas nas terras dos sonhos que não iriam acontecer, são entorpecidas com ilusões derradeiras.
Não há mais diferença de cor, aroma ou mesmo de tempo.Tudo é um remoto cinza desbotado, escancarando melancolia.
Como um piano que não para de se lamentar, com sua profunda tristeza, aspiro e ofego meus doloridos devaneios.

domingo, 23 de março de 2008

Essas suas mãos

Está em nossas mãos e não em nossos olhos!
Chega de olhar e tentar entender o que se passa, ou sorrir tentando confimar o que seus olhos não enxergam.Isso é maçante e superficial; tudo o que temos que fazer está nas linhas das nossas mãos.
Não espere, pois isso é necessário, entre dois corações, a união sempre esteve em nossas mãos.
Isto é mais que poderíamos desejar, vai além dos códigos e do que imaginamos.
E se você percebesse que tudo está aqui colado, nossa palma, nossa alma em nossas mãos.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Uma mão ama tanto a outra e eu
Nasci obstinada

Sempre serei
Antes que você conte 1, 2, 3
Eu terei crescido meu próprio galho
Desta árvore
Seu jardineiro

Seu disciplinador
Doméstico
Eu posso obedecer todas as suas regras
E ainda ser eu mesma
Eu nunca pensei que fosse me comprometer

Eu nunca pensei que fosse me comprometer
Eu nunca pensei que fosse me comprometer
Vamos nos unir esta noite

Não devemos lutar
Abraçar você bem forte
Vamos nos unir esta noite
Eu prospero melhor no estilo eremita

com uma barba e um cachimbo
e um papagaio de cada lado
mas agora eu não posso fazer isso sem você
Eu nunca pensei que fosse me comprometer

Eu nunca pensei que fosse me comprometer
Eu nunca pensei que fosse me comprometer
Uníssono


Unison - Björk

segunda-feira, 17 de março de 2008

Todas as palavras normais
eu sei que as odeio
são todas monocromáticas
pálidas e relembradas
tudo se foi
e eu estou cansada
Queimando aos poucos
mordendo o ar
Gritando
mesmo sem ninguém escutar
corroendo minhas entranhas
com ilusões
estranhos passatempos
e tudo que eu preciso dizer
são apenas palavras normais

domingo, 16 de março de 2008

Ouve os sinos

Como todas as manhãs, as constantes dúvidas do que será o resto do dia.E o que sobra?Arrependimento ou noites insones de desejo?Acho que é para isso que sirvo, pensar e nada mais.Meu silêncio não é invadido por gostos,texturas ou mesmo tangível pelos pensamentos mais desvairados.E se eu quiser trancafiar meu coração?Mergulhar em metáforas?Inventar amores...Quem há de perceber essa agitação, esse medo?Quem teria a coragem de me completar sem se envolver?

quarta-feira, 12 de março de 2008

Quem diria!Estou participando de um desafio proposto pela querida Mariana do De dentro da Caxola (http://dedentrodacaxola.blogspot.com/) e fiquei animada com a idéia de me imaginar em diferentes situações.E proponho que quem esteja disposto a participar tem a liberdade, pois indico todos os corajosos ;)

Se eu fosse um mês seria...Abril! Onde a temperatura é mais amena, as folhas caem, o céu tem uma coloração única.

Se eu fosse um dia seria...terça.Pra mim é um dia que para no tempo.

Se eu fosse um número seria... 5.

Se eu fosse um móvel seria... esses “aparadores” abandonados no corredor.

Se eu fosse um líquido seria...café!

Se eu fosse um pecado seria...a preguiça, porque às vezes dá uma vontade de fazer nada.

Se eu fosse uma pedra seria....aquela que Carlos Drummond achou no meio do caminho.

Se eu fosse um metal seria...ouro envelhecido.

Seu fosse uma árvore seria...um ipê amarelo no meio do deserto.

Se eu fosse uma fruta seria...um Kiwi!Meio doce, meio azedinho.

Se eu fosse uma flor seria...a flor-de-lis

Se eu fosse um clima seria...aquele friozinho meio quente.

Se eu fosse um elemento seria...o ar pela sua leveza.

Se eu fosse uma cor seria...azul noturno.

Se eu fosse um animal seria...um cavalo marinho.

Se eu fosse um som seria...uma máquina de escrever, dessas que faziam muito barulho.

Se eu fosse uma letra de música seria...essa é difícil...talvez In my life dos Beatles ou I’ve seen it all da Björk

Se eu fosse uma canção seria...notas de Yann Tiersen e o romantismo de Chopin

Se eu fosse um estilo de música seria...moderna e clássica, de extremo a extremo!

Se eu fosse um perfume seria... o aroma das águas frescas.

Se eu fosse um sentimento seria... a melancolia.

Se eu fosse um livro seria....poemas de Cecília Meirelles

Se eu fosse uma comida seria...uma suculenta maçã.

Se eu fosse um lugar (cidade) seria...qualquer lugar que tivesse um banquinho com vaga de frente para o mar no Reino Unido.

Se eu fosse um gosto seria...meio amargo, que não enjoa nem um pouco.

Se eu fosse um cheiro seria...sabonete de bebê, o cheiro fresco da manhã, o cheiro da chuva.

Se eu fosse uma palavra seria...ambigüidade.

Se eu fosse um verbo seria... tocar.

Se eu fosse um objeto seria... uma caixinha de música.Para embalar os sonhos mais inocentes.

Se eu fosse uma roupa seria... um vestido hippie surrado, esvoaçante.

Se eu fosse uma parte do corpo seria...o bailar das mãos.

Se eu fosse uma expressão seria...os sorrisos, que não mentem.

Se eu fosse um desenho seria...o querido Calvin!

Se eu fosse um filme seria...O Fabuloso Destino de Amélie Poulain.

Se eu fosse uma forma seria...um espiral.

Se eu fosse uma estação seria...o Outono

Se eu fosse uma frase seria...” Gosto de um modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno vôo e cai sem graça no chão”

sábado, 8 de março de 2008

Transferências

Quero difundir teu sangue ao meu
Ser tua literatura
Arrancar tuas palavras sem que digas nada
Tocar em teus cabelos e misturar teu corpo a minha alegria
Ser tua poesia
Introduzir-me em teu vazio
Escutar teu silêncio
Ser intrínseco da sua respiração
O vapor do seu dia

terça-feira, 4 de março de 2008

You Only Live Twice

E então ela abriu os olhos.
Percebeu além do que sempre quis ver, e tentou aceitar a verdade.
Pediu que lhe contassem segredos, sorriu esperando e suspirou pensando no nunca mais.
Acariciou o vento com seu olhar e no vão de suas mãos sabia que faltava algo, que não poderia faltar.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

às vezes algumas coisas parecem estranhas dentro de você, enquanto outras são tão familiares...a cada dor queimando no seu peito, a cada palavra engolida eu sinto o novo.Que insiste em me rodear da maneira mais fervorosa, agitando-me e corroendo minha paciência.E será que tem alguém aí neste coração pertubado? Me sinto tão só diante de tudo. Isto é tão real quanto nossos nomes apagados na areia.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Eu volto para o começo

E nesta tarde deixei que meus pensamentos encontrassem o que perdi. Mas quando encontrei descobri que estava perdido; mesmo lutando contra o destino. Resquícios da cálida manhã, pouco antes da aurora; meus olhos castigados de uma noite insone, o turbilhão de sonhos que não aconteceram. Tarde demais ou cedo, os pássaros não deixam de cantar; o sabor do vento, as flores. Aqui não é meu lugar; o silêncio torna minha dor genial, meu temperamento sem diagnóstico, sem melhoras. Noite, pouco antes, em claro. Na esfera do chão recolho meus versos rasgados, pobres palavras de uma boca profana. E minha alma despedaçada, a qual não se reflete mais no espelho, e ao pranto resolveu se entregar. Horas sem ponteiros, é melhor partir, seduzir o futuro.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Monólogo

Você poderia pensar que eu sentiria sua falta quando decidisse ir embora sem dar um adeus.
Mas eu sei que sentiria saudades mesmo assim,talvez eu me sinta muito bem longe de você e sei que não irá demorar para me reencontar.
Apesar de todos esses anos e de minhas falsas esperanças procurei ser uma tola por dentro, por mais que por fora parecesse uma pedra.
No final acredito que me renda a essa diversidade de reações, essa coisa que os humanos chamam de amor.E lembre-se que eu sempre serei verdadeiro e quando a hora chegar mandarei todo meu amor pra você.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Contratempo

Valsas e saias rodadas
sonetos de amor sem começo
teclas e cordas
suspiros diamantes
agudo e grave
sons e formas
contos e encontros
sonhos na madrugada
mares gelados
ventos coloridos
violência
arames farpados
sangue
algodão doce
sorrisos falsos
concertos amados
sequências coreografadas
arte e morte
beleza e pobreza
pintura
olhos e máscaras
dentes
unhas e plumas
sopros
mordidas e saídas
sinos e trompas
cachos armados
brilho sem cor
lágrimas
farsas mentiras
poemas e rimas
alegrias
cores e amores
pianos sem companhia
damas vazias
copos meio cheios
cristais monocromáticos
dias nublados
e com música fiz minha melodia

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Pérolas Vespertinas

Escutava Beatles enquanto estava na cozinha e sorria para o céu azul da janela, pensando nos campos de morango para sempre...mas o sonho acabou e não poderia ouvir mais nada além da verdade latejando em minha mente, como pancadas em portas já quebradas.
O garoto dos lírios me esperava do alto da escada, chamava por meu nome sem conhecer-me e olhava para longe como se esperasse algo que não volta mais; e com os olhos soturnos clamava por esperança, esta que estava em meu sorriso amargo.
O dia estava nascendo e por entre as minhas veias eu sentia o ardor de mais uma alvorada, veloz e displicente com sua chuva translata de amor, esse que eu não conhecia e que circunscreve os limites do meu corpo.
Eu me sinto completa na ausência, a procura sempre me fez feliz; como estar só em uma montanha e por entre as brumas ouvir a voz de quem roubou minha sanidade.Correspondências de uma vida melhor e incurável.
Em mares doces com perfume de jasmim encontro vestígios de lírios, em chamas envenenando minha essência.
Como poderei unir-me a quem é tão humano e humilde com meus atos?Eu deveria ser exilada pelo meu comportamento emocional.
Em uníssono as palavras vão se desfazendo em uma bola de mentiras e olhos de gatinhos melindrosos me observam.
Acho que ser livre é direto demais, a única forma de não ser mais subjetiva é jogando com a liberdade em seu generoso abraço a despir-me.
Nua, minhas costas estão costuradas com seus laços e minha boca mordida de lembranças.O meu passado de molho em sangue.
Desfaça!Quero minha aurora de volta e meus anéis de rosas com suspiros, pois neste lago não enxergo minha face.Talvez a encontre antes de outro crepúsculo vazio.
Isso não deveria ser uma confidência, desejo apenas simplicidade mesmo que em sua superfície.
Deveríamos nos unir esta tarde, que passaria de uma mero detalhe quando as estrelas começassem a dançar na escuridão.
Ganhando um buquê de lírios, com estômago decorado de borboletas e com os olhos refletindo momentos de luz.


segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

De Passagem



Beleza


Nua


Formas


Ondas


Redondas


Dedos


Viajam


Pêlos


Corpo


Tangível


Sensível


Comestível


Prazer


Satisfação


Desejo


Escasso


Tênue


Inebriante


Inefável

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Ambigüidades

Escuto o sussurro das águas oceânicas
o seu charme invisível como o vento
uma brisa leve de agosto
o perfume do movimento
de suspiros desiguais